Haiti
4/5/2004 Miguel Molina Filho
“Tal como no Iraque, norte-americanos agem com brutalidade no Haiti na terça-feira, 27/4/04, em entrevista internacional concedida em Porto Príncipe, a chamada plataforma de Organizações Haitianas de Defesa dos Direitos Humanos denunciou que a Força Internacional comandada pelos EUA estão cometendo “atos de brutalidade” contra a população. Na véspera, o porta-voz da plataforma, Joseph Maxime Rony, divulgara que 22 militares norte-americanos tinham invadido uma clínica privada e dois escritórios de entidades ligadas à defesa dos direitos humanos, inclusive a Organização Camponesa e Operária, para intimidar pacifistas e nacionalistas, agredindo as pessoas. Não satisfeitos, os norte-americanos “confiscaram” 35 mil gourdes, equivalentes a US$ 1 mil, pertencentes a um dos dirigentes. Segundo a Plataforma, tendo em vista “sua formação militar, cultura e sentimentos racistas”, a tal Força Internacional comandada pelos EUA, com militares norte-americanos, canadenses, franceses e chilenos, podem substituir a polícia haitiana para restabelecer a segurança no país. O porta-voz Joseph Maxime Rony alerta que o comportamento violento das forças comandadas pelos norte-americanos vai “criar mais temor nos cidadãos”. Enquanto isso, prossegue a constituição de uma frente de Resistência. No domingo, 25/4, a frente de resistência atacou a delegacia de polícia em Gonaives, no norte do país, de onde levou todo o arsenal de armas de fogo. As forças de ocupação que se cuidem. Norte-americanos humilham exército haitiano. Na terça-feira, 27/4/04, numa violenta ação em Porto Príncipe, os marines norte-americanos prenderam cinco militares haitianos por “porte ilegal de arma”. Em nota à imprensa, o porta-voz dos marines, coronel Dave Lapan, disse que “haitianos armados foram capturados num posto de controle nas proximidades do aeroporto de Porto Príncipe”. Um dos presos, o coronel Remissainthe Ravix, do exército do Haiti, protestou dizendo que “os marines norte-americanos não têm o direito de invadir o país e confiscar as armas do exército nacional”. A situação no Haiti tende a se agravar. As forças de ocupação que se cuidem. Na sexta-feira, 23/4/04, ao receber o primeiro-ministro Denzil Douglas, de São Cristóvão e Nevis, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, conclamou a América Latina a protestar contra o “atropelo” do Haiti e explicou que “é necessário consolidar a integração para evitar novas humilhações e ingerências estrangeiras na região”. A exemplo dos países da Comunidade do Caribe (Caricom), a Venezuela também “não reconhece o governo fantoche colocado pelos EUA no Haiti, reconhecendo apenas o legítimo governante, Jean-Bertrand Aristide”.”