Os Justiceiros   Migalhas

Os Justiceiros – Migalhas

Os Justiceiros

4/10/2004 Viviane Girardi – escritório Cahali Advogados

“Confesso que me causou espanto a posição do Prof. Miguel Reale Júnior, pois a questão envolvendo a violência e maus tratos, principalmente de crianças, não deve ser tratada da maneira singela como pareceu ter sido posta. Pois, se de um lado temos o vínculo do profissional – no caso psicólogo – com seu cliente, pautado na lealdade, sigilo, enfim ética profissional; de outro temos que tais profissionais muitas vezes estão diante de casos extremamente patológicos onde o risco de vida de pessoas sob a guarda do paciente, se mostra evidente. De mais, o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente já determina ser matéria de política pública os temas da violência doméstica, tanto que uma criança violentada física ou sexualmente ao ser atendida por um hospital passa necessariamente pela averiguação da possibilidade de estar sendo maltratada por seus pais e os conseqüentes encaminhamentos para vir a tutela contra tais atitudes. Concordo que a questão aventada, distancia-se um pouco da constatação da violência, pois envolve a relação profissional e cliente, mas não podemos ser tão formais e abstratos a ponto de termos casos extremamente patológicos que efetivamente coloquem em risco a integridade de outrem, sendo acobertados, pois ao contrário do que o professor falou não se trata de destruir de vez a família, pois num ambiente de violência não existe família, mas talvez que possibilitar que os envolvidos que estão a sofrer tenham seus direitos fundamentais como pessoas, entre tais a integridade física e psíquica preservada, pois esse é o fim da família: proporcionar ambiente sadio para o desenvolvimento da personalidade dos seus membros. Por outro lado, temos que pensar no próprio profissional que está a ter conhecimento de situações gravíssimas e aflitivas e se vê impedido de tomar alguma atitude a fim de preservar a vítimas, por conta de violação ética. Acredito que o Conselho está a ver a questão com olhos mais profundos, e não em simplesmente transformar psicológicos em justiceiros.”

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