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Com o crescimento observado nos últimos anos, o setor de ativos judiciais tem passado por um movimento de consolidação, com fusões e aquisições entre players do mercado. Esse fenômeno tem impacto direto na competitividade do segmento de crédito judiciais, em especial dos precatórios, abrindo tanto oportunidades quanto desafios para os investidores e para os titulares desses créditos.
Toda essa movimentação é motivada pela busca de maior escala, de diversificação de portfólio e de eficiência nas operações. A tendência de consolidação também responde à demanda por transparência e credibilidade, tanto por parte dos investidores quanto dos titulares de créditos judiciais. À medida que o mercado se estrutura com menos participantes, entretanto, empresas maiores, eleva-se a profissionalização dos processos, uso crescente de tecnologia e de compliance.
Há duas formas de se encarar as mudanças: por um lado, a consolidação pode aumentar a eficiência operacional e ampliar a oferta de serviços de maior valor agregado, como consultorias especializadas, avaliação de riscos e elevada capacidade de antecipação de crédito para empresas que buscam por liquidez; por outro, a redução no número de players ativos no mercado pode trazer preocupações relacionadas à concorrência, elevando o custo das operações e reduzindo a margem para negociações.
Certo é que o mercado de créditos judiciais, com merecido destaque para os precatórios, tem movimentado bilhões de reais todos os anos. E, considerando que a dívida dos entes públicos continua elevada e que não há no horizonte medidas governamentais capazes de reduzir drasticamente o volume de ações judiciais e precatórios futuros, a tendência é que o mercado voltado para esses ativos continue a prosperar.
Para se ter uma ideia, apenas em relação aos pagamentos de dívidas judiciais federais, de acordo com dados do “Relatório Despesas com Sentenças Judiciais – Precatórios”, publicado pela SOF/MPO – Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento e Orçamento, os precatórios inscritos na lei orçamentária anual de 2025 somam um montante de R$70,7 bilhões e serão pagos a 250.641 beneficiários.
Dessa forma, com valores tão altos em jogo, a consolidação e a profissionalização do mercado é algo natural e, até mesmo, inevitável. Novas oportunidades surgirão em um mercado que está cada vez mais organizado e regulamentado, mas que exigirá das empresas mais atenção às dinâmicas de concorrência e às exigências cada vez mais rígidas de transparência e segurança nas operações.
Registrados esses avanços, o mercado de ativos judiciais se posiciona como um segmento estratégico no cenário financeiro brasileiro, pronto para oferecer à sociedade e aos empreendedores soluções inovadoras em liquidez e capitalização.
Renata Nilsson
CEO e sócia da PX Ativos Judiciais | Consultora especializada em fundos de investimentos (FIDCs) e plataformas focadas na aquisição de créditos judiciais incluindo trabalhistas, cíveis e precatórios.